O tema deste mês pareceu-me bem a propósito após ter lido uma recente notícia sobre o turismo de Espanha que estimava que em 2012, cerca de 5,6 milhões de turistas visitaram o país para degustar as especialidades espanholas como as tapas e o vinho. Estas são claras pistas para acreditarmos que a gastronomia e os vinhos podem e devem ser um dos principais factores para atrair turistas aos mercados do sul da Europa. De acordo com a mesma entidade, o turismo gastronómico significou um total de 59,3 milhões de dormidas. Espanha teve um "boom" de crescimento decorrente dos seus grandes chefes de renome internacional como Ferrán Adrià ou Juan Roca, pois há claramente uma estratégia do turismo de Espanha em associar estes grandes chefes à promoção do turismo, com grande ênfase dado aos produtos locais. Por outro lado, por meio de um questionário levado a cabo pelo Instituto de Estudos Turísticos espanhol, o mesmo revelou que a gastronomia é um dos factores mais apreciados pelos turistas. Ainda de acordo com um estudo italiano, este indicou que existem no mundo 4 milhões de enoturistas "praticantes" e 2 milhões "ocasionais", prevendo-se um crescimento anual de 10% ao ano. São números animadores e o potencial para Portugal é grande.
Por outro lado vemos outros nichos de mercado a crescer em Portugal como o turismo de natureza, com especial destaque para as caminhadas e BTT. Este segmento de mercado, para além de estar bem desenvolvido nos países emissores de Portugal, traz também uma oportunidade para o nosso país, pois de norte a sul, temos condições únicas, com trilhos já delineados e paisagens de perder a vista, ainda pouco explorados, e por essa razão uma grande vantagem para o turista que nos visita. Somente 4% dos turistas que procuram Portugal tem como objectivo desfrutar do património natural, assim que o potencial é enorme. Acresce o facto que este tipo de turista procura o destino em meses fora dos períodos de pico, sendo um complemento perfeito à operação hoteleira de unidades em locais fora dos grandes centros turísticos.
Apesar dos pontos acima apresentados serem distintos, o meu objectivo é simplesmente chamar a atenção para outros segmentos para além dos tradicionais em Portugal. Não descurando esses segmentos que não deixam de ser importantes, temos todos que começar a olhar para outros nichos de mercado. O potencial é enorme e as condições do país são propícias. Basta olhar para dentro de cada região e perceber a riqueza que temos, desde a gastronomia, aos vinhos, aos costumes e tradições, ao património histórico e natural, às experiências sustentáveis que permitem a preservação da nossa identidade e a criação de um turismo sustentável. O título deste artigo pretende chamar a atenção do leitor para uma nova estratégia de actuação. Temos que partir à conquista de novos nichos de mercado, de um novo território desconhecido, de novos contactos, de novas estratégias.
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